Arquivo do mês: outubro 2012

A vocação da donzela – parte 5, última parte

5° Como conhecer a própria vocação.

É este um negócio capital, para o qual toda atenção é pouca.

Porque, quantas imprudências sobre este ponto! Quantas pessoas que entram como cegas num gênero de vida sem se perguntarem se ele corresponde bem a seu destino! Como é insensato seguir inspirações humanas numa obra divina!

Essas imprudências transviam a alma para longe da sua predestinação; lançam-na em deveres para os quais ela não era feita e afastam-na da senda em que a graça de Deus a esperava.

Importa, pois, sumamente conhecer a própria vocação, pois a coisa é muito grave.

Ora, nas coisas graves da vida, não se deve fazer nada sem pedir conselho. A respeito da vossa vocação, para saberdes tomar com conhecimento de causa uma decisão de que dependerá a vossa felicidade nesta vida e na outra, deveis consultar a Deus, ao vosso confessor e a vós mesma.

a) Consultai a Deus. – Derrubado no caminho de Damasco, S. Paulo exclamava: “Senhor, que quereis que eu faça? Tal deve ser a vossa oração, pois raras são as vocações manifestas; as mais das vezes Deus nos deixa o cuidado e a honra de procurar a nossa trilha.

Quando, no meio dos desertos, amontoando as areias, o vento faz desaparecer o caminho, que faz o viajador? Levanta os olhos, interroga o céu, procura o seu caminho por entre as estrelas. Fazei como ele: procurai o vosso caminho nos céus. Há lá em cima, alguém que vo-lo pode mostrar.

b) Consultai o vosso confessor. – Não qualquer um confessor, mas, ordinariamente, aquele ao qual vos dirigis habitualmente, que vos segui desde a vossa infância e que conhece os vossos defeitos, os vossos predicados, os vossos gostos, a vossa família. Ele esta em melhores condições do que qualquer outro para vos dar conselhos prudentes e desinteressados. Abri-lhe bem toda a vossa alma, dizei-lhe os vossos atrativos, inclinações, dificuldades, tudo o que sabeis de vós, quer para bem, quer para mal.

E, quando tiverdes falado, esperai, deixai-o refletir. Durante esse tempo pedi a Deus que o esclareça e vos responda pela boca dele.

Suponho que o vosso confessor é um homem de Deus, versado nos seus caminhos, esclarecido, sobrenatural nas suas vistas, liberto de qualquer “parti-pris” e de qualquer consideração humana.

No caso, mais raro, em que tivésseis razões para duvidar a este respeito, conviria submeterdes vossas aspirações a um juiz seguramente competente e desinteressado, por exemplo por ocasião de um retiro. Não esqueçais, todavia, que o papel do confessor é de vos ajudar com seus conselhos e sua experiência, e não de vos impor uma decisão. O hábito das almas, o conhecimento dos caminhos de Deus, os olhares que ele pode mergulhar até o fundo da vossa consciência, tudo isso auxilia-o enormemente e dá um peso imenso aos seus conselhos. Mas, dele, não exijas mais.

c) Consultai a vós mesma. – Refleti!… Estudai vossa alma, vosso coração, vossos gostos, vossas inclinações; examinai vossos atrativos e repugnâncias; perguntai-vos se tendes, quer no tocante ao corpo, quer no tocante à alma, o que vos é preciso para entrardes na vocação que vos atrai. Em linha de conta devem entrar antes de tudo as vossas aptidões físicas e morais, porquanto, de onde quer que venha, a inaptidão para uma vocação exclui por si mesma toda probabilidade de chamado divino.

Às vezes tereis vantagem em consultar vossos pais ou mesmo pessoas que podem ajudar-vos a conhecer a vós mesma; mas não julgueis segundo os princípios do mundo. Iluminai-vos com as luzes da fé e, cercada de todos esses meios de certeza, decidi-vos.

Fazei também a vós estas perguntas:

– Quem é que me chama? É Deus? É a minha vaidade? É o desejo de brilhar, de me fazer notar, de ter uma posição no mundo, de imitar tal companheira?

– Que quereria eu ter feito na minha última hora? O pensamento da morte ilumina dura e cruamente a vida, mas à sua luz a gente se arrisca menos a enganar-se. Com semelhante “refletor” vê-se claro, vê-se longe, vê-se justo.

– Que aconselharia eu a uma amiga que estivesse na minha situação e viesse consultar-me?

– Que razões verdadeiras tenho para me inclinar para tal vocação antes que para tal outra?

d) Quando a dúvida persiste. – Aqui é preciso assinalar certos casos que podem apresentar-se, penosos, angustiosos. Almas a quem a noite circunda ou a quem a dúvida atenaza, aí acharão talvez luzes ou consolações.

1° Tendes tanta inclinação por um estado quanto por outro; na balança tudo se nivela de tal arte, que já não sabeis que partido tomar. Então deveis continuar a rezar; aguardar acontecimentos, uma resposta, um sinal que trace a vossa trilha; deveis ainda recolher-vos, e decidir-vos pelo partido que vos parecer aproximar-vos mais de Deus.

2° Após uma decisão seriamente tomada, após diligências feitas para entrar em religião, a pessoa não pode conseguí-lo. É o caso daquelas que acreditaram ouvir o chamado de Deus, que trataram de responder-lhe, mas a quem não quiseram receber. Ou por inaptidão, ou por dificuldades que elas não tinham previsto, o seu belo sonho rui no momento em que elas iam começar a vivê-lo!…

Às vezes também, a pessoas inicia-se na vida religiosa, enceta o postulado, o noviciado mesmo, e surge um impedimento que tira toda a esperança.

Que fazer então? Pôr-se a vagar solitária e amargurada? Arrastar uma vida inútil? Não. Deus vos chamava às doces alegrias do devotamento? Devotai-vos no século. Essa imolação de um desejo que, por mais irrealizável que seja, só morrerá convosco, contribuirá poderosamente para a vossa satisfação. A virgindade no mundo (como veremos mais adiante) também é uma vocação. Por que então considerá-la como a “míngua de melhor”?

O que importa antes de tudo é uma decisão irrevogável que vos coloque redondamente em face do futuro que se abre diante de vós.

3° As que esperam. A moça não procura o noivo, “espera” que a venham pedir em casamento. E as há que “esperam” muitos anos… O tempo se alonga, as moças se… prolongam… A mocidade se escoa, e, quando chegam as neves da velhice, elas ainda esperam.

Seja como for, quer a “espera” redunde no casamento ou… na decepção, há aí um período a passar; e esse período é crítico. Vós não estais na terra “para vos casardes”, mas para ir para o Céu. Assim sendo, por que vos preocupardes tanto com aquilo que não passa de uma “forma”? Deus escolhe seus caminhos e seus meios próprios. Quando se compreendem bem estas coisas, fica-se entusiasta mesmo assim; a gente se dá todo a Deus Nosso Senhor para seguir a sua vontade presente, até o dia, próximo ou remoto, em que uma nova senha nos for dada.


livro: A formação da donzela- padre José Baeteman
Parte V

A vocação da donzela
Capítulo I

Em Jesus e Maria,
Débora Cristina

A vocação da donzela – parte 4

4° Pode-se passar sucessivamente por desejos diferentes?

De cem moças piedosas que amam a Deus e que se acotovelam com religiosas, haverá bem umas noventa e nove que, em certas horas, acreditam ouvir o chamado de Deus para uma vida mais perfeita. Pela sua natureza entusiasta, por causa das múltiplas influências de um círculo familiar onde essa vocação era acatada, essas jovens almas lançaram-se de chofre para as alturas a que a sua pureza as atraía; e ei-las sonhando, umas com o cuidado dos pobres, com as missões longínquas, outras com o claustro e com todo o seu cortejo de sacrifícios e renúncias.

Não raro a imaginação entra por muito nessas aspirações da juventude. Os sentimentos mais verdadeiros, mais belos, mais fortes germinam tão depressa numa alma pura que deixa Deus governá-la!

Dia virá, entretanto, em que elas perceberão que tudo isso não passava de um sonho, e os contornos precisos de outra vocação mais verdadeira se lhes desenharão pouco a pouco na alma. Então uma angústia virá confranger-lhes o coração! Por que foi que Deus me mostrou esses alcantis, se não quer que eu os galgue? Por que foi que eu senti um primeiro atrativo, e agora sinto outro? Por que é que todos esses sentimentos tão nobres, tão generosos, tornam a cair como nuvens de pó que o vento levanta numa estrada larga?

Talvez seja por haver Deus querido atrair-vos a Ele de maneira mais íntima e mais terna. Ele vos colocou em face de um ideal para vos elevar, para vos enformar a alma e para vos impedir de ficardes vulgar.

Deixando essa alma tender a um fim especial que não é o seu, Deus fê-la demandar a meta geral de toda vida santa. Mais tarde, quando Ele afastar o objetivo colimado, para lhe mostrar outro, lá estará, ajudando essa passagem difícil e velando para que esses aperfeiçoamentos adquiridos, em vez de se esboroarem, sejam utilizados. Nisso, Deus não enganou essa alma. Não era a voz dEle que lhe murmurava aos ouvidos essas palavras mágicas: vida religiosa, doação total, imolação; Ele as deixava simplesmente sair, como vozes amigas, de todas as velas coisas que falam à nossa alma, de todos os nossos próprios sentimentos, que assim exprimiam o seu generoso ardor ( Prática progessiva, p. 280 ).

Sim, Deus permite esses vôos ingênuos, esses ardores primaveris, esses desejos vibrantes, para vos garantir contra vós mesma, contra o mundo e contra uma certa pressa natural que não seria conforme a Ele.

Permite-as para vos conservar em esferas mais elevadas e mais puras, para vos forçar a uma preparação a que, não fora isso, não pensaríeis em recorrer, enfim para vos enriquecer de merecimentos e de graças. E, chegado o dia de fixardes a vossa escolha, sentir-vos-eis mais forte, apesar de algumas desilusões, porque vos tereis aproximado mais de Deus.

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Parte V

A vocação da donzela
Capítulo I

Em Jesus e Maria,
Débora Cristina

A vocação da donzela – parte 3

3° É pecado não seguir a própria vocação?

a) Geralmente, não. – A vocação não é imposta, mas proposta. Quando Jesus chamou o moço rico, disse-lhe apenas: “Se queres ser perfeito”. Deixou-o, pois livre de aceitar ou de recusar o seu divino convite, de seguí-lo.

Esse é o caso comum, mesmo quando se trata da vocação religiosa. Esta exige os votos de pobreza, de castidade e de obediência. Ora, estas três virtudes são de conselho e não de preceito.

Ninguém é obrigado, sob pena de pecado, a seguir os conselhos evangélicos; só os preceitos se impõem desta maneira imperativa.

De notar é, entretanto, que, agora uma revelação formal, não se pode possuir, a respeito dos desígnios de Deus sobre uma alma, uma certeza que exclua toda a possibilidade de erro, tal como se faria mister para fundamentar uma obrigação estrita. Os indícios de vocação são, comumente, assaz nítidos para que a prudência aconselhe abraçar tal trilha de preferência a tal outra, mas raramente são bastante decisivos para vedar uma outra escolha.

b) Pode, porém, haver grande imprudência. – Quando os sinais de vocação aparecerem bem claros, far-se-ia mal em, por covardia, recuar ante o sacrifício ou por causa das lutas necessárias. Todo o resto da vida corre grande risco de se ressentir da recusa às insinuações divinas.

“A predestinação, diz S. Agostinho, encerra e supõe a união de três graças de que depende a salvação: a do batismo, que a começa, a da vocação, que a continua, a da perseverança, que a remata”.

São esses, pois, como que três elos que formam uma só cadeia misteriosa, e, sendo a vocação o do meio, liga de tal forma os outros dois, que, sem ela, ninguém pode prevalecer-se do primeiro nem prometer o último.

Não seguindo a sua vocação, a pessoa priva-se das graças que Deus prepara para ela. A pessoa será sempre mais ou menos como uma planta desarraigada. Deus poderá diminuir seus dons e fazer sentir à alma infiel que se dói de vê-la recusar seus convites. Ele lhe dissera: “Vem a mim por este caminho que eu te preparo. Nele dar-te-ei graças que te ajudarão poderosamente”. Se ela toma um caminho oposto, arrisca-se a não mais achar a abundância das graças que Deus lhe preparara.

Uma vocação para a perfeição é um “dom de Deus”. Deus não nos força a aceitar todos os seus dons, mas, recusando-os, nós introduzimos em nossa alma uma desordem tal, que o Pe. Graty pôde escrever a respeito: “As almas surdas à sua vocação andam tortamente a vida toda; dir-se-ia que a graça já não chega a elas senão obliquamente, e que Deus, por assim dizer, só opera nelas com mão forçada”.

Não se compromete fatalmente a própria salvação, mas torna-se essa salvação mais difícil. Nesse caso a pessoa se parece com o viajador que, ao invés de ir à sua meta pela grande estrada traçada, segura, conhecida, toma caminhos desviados, compridos, desconhecidos e perigosos.

Todavia, após uma “má rumagem”, não se deve desesperar. A salvação é sempre possível, e a graça de Deus aí está sempre.

c) Certas almas ficam indecisas. – Elas não souberam ou não puderam solucionar de maneira peremptória a questão da sua vocação. Sem descurarem examiná-la, ou mesmo oferecendo-se para isso, obstinaram-se de encontro a uma dúvida que não ousaram esclarecer. A sua recusa, então, não foi formal, a resistência não foi completa, elas acreditaram dever esperar ainda uma luz que não veio, uma decisão que ninguém quis tomar. O tempo que passa fez a sua obra, sobrevieram dificuldades; a inconstância humana meteu-se de permeio e, embora sempre nas trevas da dúvida, essas almas fracas acabaram por escolher uma trilha que não era a sua. No fundo, ficar-lhes-á sempre, quiçá até a morte, um sentimento confuso de certa infidelidade. Mas, não tendo sabido fixar as suas incertezas, essas almas não podem, por isso, ser abandonadas por Deus. Por que então haveriam de desanimar?

Ele lhes não fechou o seu coração, e elas tem muitas maneiras de redimir de forma completa, às vezes até heróica, a falta de vontade e as hesitações de que se não puderam libertar.

livro: A formação da donzela- padre José Baeteman
Parte V

A vocação da donzela
Capítulo I

Em Jesus e Maria,
Débora Cristina

A vocação da donzela – parte 2

2° A vocação é um chamado de Deus

a) Se Ele chama, tem suas razões. – De toda a eternidade Deus traçou o plano da sua obra de Criador. Como autor da Ordem sobrenatural, orientou esse plano geral para um plano superior em que a nossa salvação acha lugar com seus caminhos e seus meios. E, já que assim é:

– Por que termos medo das dificuldades entrevistas?

– Por que nos deixarmos influenciar por outros que não pelo próprio Deus?

– Por que não nos abandonarmos docemente à sua mão paternal?

– Por que não O deixarmos conduzir-nos para onde Ele quer e como quer?

b) Se Ele chama, dará suas graças. – Toda vocação é acompanhada de luzes e de socorros segundo as dificuldades que comporta. Guardadas as devidas proporções, a vocação é como uma missão confiada a uma criatura. Chamando-a a ela, enviando-a a ela, impelindo-a, Deus deve a si mesmo o conceder-lhe o que lhe é necessário.

c) Se Ele chama, habitualmente indicará a sua vontade. – Atrativos naturais e sobrenaturais serão, as mais das vezes, como que o sinal da sua vontade, Esses atrativos podem muito bem combater, contrariar e mesmo imolar um coração fazendo-o sacrificar as mais legítimas aspirações que a princípio podiam tê-lo seduzido. É certo, com efeito, que a graça não mata a natureza. E eis aí por que foi que custou a Joana d’Arc deixar sua mãe, suas companheiras, sua vida calma e tranqüila. Porém ela soube dizer: “Deus o manda! Ainda quando eu tivesse cem pais e cem mães e fosse filha de rei, partiria mesmo assim!”

d) Se Ele chama, não mudará por si mesmo. – A vocação, às vezes, é uma graça muito grande. Mormente então é a coisa gratuita que não se poderia pretender.

Flor divina, pode ela em certos casos estiolar-se, fenecer na alma; porém não morre sem que o queiramos ou sem que dela nos tornemos positivamente indignos. Um nada, o mais pequeno orvalho, uma oração, uma lágrima bastará para fazê-la reviver; porque Deus não muda, e, se não rejeitarmos os seus dons, não será Ele quem pense em no-los retirar.

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Parte V

A vocação da donzela
Capítulo I

Em Jesus e Maria,
Débora Cristina

A vocação da donzela – parte 1

A vocação da donzela

1. O que é a vocação

Neste mundo cada um tem a sua missão a cumprir, e são as mais diversas as condições em que ela se impõe. Para lhe ser fiel, é preciso isso a que se chama a Vocação, que é uma inclinação para uma coisa determinada, e, na ordem sobrenatural, um atrativo produzido pela graça. Com efeito, a vocação (de vocare, chamar) é um convite, um chamado de Deus para servi-lo num estado particular, num gênero de vida ao qual nossos gostos e aptidões nos induzem, e no qual Ele nos propicia socorros especiais para nos ajudar a operar a nossa salvação.

a) A vocação é uma graça, ou, antes, uma série de graças atuais, de iluminações, de inspirações sobrenaturais, sob cuja influência a alma se sente atraída para tal ou tal estado. Se a alma corresponde a essas inspirações, elas se tornam o ponto de partida de toda uma série de socorros destinados a facilitar-lhe a sua missão.

b) Não é uma ordem, mas um chamado, um convite. – É uma estrela que brilha aos nossos olhos, como a dos magos, e que nos mostra o caminho pelo qual Deus deseja enveredemos para chegarmos mais seguramente a Ele.

c) Esse chamado tem lugar de muitas maneiras. Como o Apóstolo no caminho de Damasco, alguns são derrubados para serem mais bem esclarecidos. Porém, as mais das vezes, a vocação é uma voz que, ora doce, ora premente, se faz ouvir à alma como um eco longínquo de Deus que chama.

Há também almas que vivem longo tempo na noite das incertezas, e é tateando na sombra que elas vão em busca da trilha.

d) Nada escapa à solicitude do Criador. A própria vida do inseto é objeto dos seus desvelos, e é Ele quem dirige a marcha do astro nos céus. Sumamente razoável é, pois, que o homem seja por Ele guiado na escolha do caminho que deve seguir. Se Ele declarou no Evangelho que “nem um cabelo da nossa cabeça cai sem a vontade do Pai celeste”, pode deixar criaturas humanas vaguearem à toa sem uma atenção paternal que as conduza à meta que Ele lhes fixou?

Quando um engenheiro quer construir um maquinismo, não produz ao acaso todas as peças da sua máquina; trabalha de acordo com o plano. Prevê com exatidão todos os detalhes, a proporção, o lugar de cada uma. Outro tanto faz Deus pela sua Providência. Todos os homens são peças desse imenso maquinismo que é o mundo humano. Essas peças são feitas para lugares determinados, para missões precisas; cada ser humano tem, pois, a sua vocação especial.

No mundo, não se acredita bastante nesse chamado do alto.

No entanto, como diz soberbamente o Pe. Coubé:

Cada um de nós tem as suas vozes como Joana ‘Arc, cada um de nós tem a sua vocação. Não somente Deus nos fixa um estado de vida em que, para O servir e nos salvar, teremos graças que não acharemos alhures, mas ainda nos encaminha para Ele lentamente, como por acaso. O acaso? E há verdadeiramente acaso na terra? Veja-se um grãozinho carregado pelo vento; onde e quando o deixará o vento cair? Quando parar de soprar, dir-me-eis. Sim, mas ele parará de soprar na hora e no lugar marcado pela Providência, por cima do côncavo de um rochedo, onde o grãozinho achará um pouco de terra, um pouco de Sol para germinar, se Deus quiser que ele se torne flor. Assim também as nossas vidas. Parecem colhidas por um turbilhão, mas é o espírito de amor que passa e que as leva lá para onde as esperam o raio de luz e o orvalho do Céu.

e) A vocação é o nosso negócio capital. – Dela é que pode depender a nossa Eternidade. Sumamente importa, pois, antes de empreender a longa viagem da vida, conhecer a meta e o meio de atingi-la.

livro: A formação da donzela- padre José Baeteman
Parte V

A vocação da donzela
Capítulo I

Em Jesus e Maria,
Débora Cristina

Santa Teresinha

Por Maria Bastos

A página Tirinhas da Maria fez uma pequena homenagem à querida florzinha de Jesus Santa Teresinha do Menino Jesus. Infelizmente não consegui terminar o desenho mais cedo, mas graças a Deus terminei no mesmo dia. 
Ilustrei uma cena que aconteceu, de fato, na vida de nossa Santinha e que me arrancou risos quando estava lendo História de uma alma, há seis anos. 
Para quem tem o livro, o episódio se encontra na página 68. Confiram lá com mais detalhes. 
Segue abaixo um trechinho do livro que narra a cena.

“Maria e eu tínhamos sempre os mesmos palpites. Os próprios gostos afinavam-se tão harmoniosamente que, certa vez, nossa união de vontade passou da conta. Ao voltarmos uma tarde da Abadia, disse à Maria: ‘Conduze-me, que vou fechar os olhos’. ¬_ ‘Eu também quero fechá-los’, respondeu-me. Dito e feito. Sem discutir, cada qual pôs em obra sua vontade… Estávamos na calçada, não havia o que temer dos veículos. Depois de agradável caminhada de alguns minutos, tendo apreciado o gozo de andar sem ver, as duas estouvadinhas tombaram juntas por cima de umas caixas colocadas à parte de uma loja, por outra, derrubaram-nas. Muito encolerizado, saiu o negociante para levantar a mercadoria. As duas cegas voluntárias se levantaram por si mesmas em boas condições, e corriam a passos largos, com olhos arregalados…”


Em Jesus e Maria,
Débora Cristina