Dia da festa
Amor de São Luiz para com Deus
Considera que São Luiz justamente mereceu o título de Serafim abrasado no amor de Deus. Estava Luiz tão penetrado desta viva e suave chama, que bastava ouvir falar de qualquer dos divinos atributos, para se conhecer no incêncio do seu rosto o ardente fogo de amor que interiormente o devorava, chegando a faltar-lhe a voz, e até a mesma respiração pela extraordinária força com que no peito lhe pulsava o coração. Daqui nascia vivíssima ternura e compaixão, pranto e amargura todas as vezes que a seus olhos se representava a imagem de Jesus Crucificado, ou meditava nas dores e agonias de sua Santíssima Paixão; ardia em tanto desejo de padecer por seu amor, que nos lances mais dolorosos, se lhe via reluzir uma estranha paz e alegria, por considerar que Deus o fazia participante dos tormentos do seu amado Jesus. Mas que diremos do abrasado amor de São Luiz para com o mesmo Senhor Sacramentado!
Este adorável sacramento foi sempre onde Luiz teve fixos os seus amores; onde a sua alma se derretia em terníssimos afetos e amorosos incêndios. Três dias antes de receber o Soberano Pão dos Anjos gastava em dispor-se, e preparar digno acolhimento a tão divino hóspede; e três dias depois empregava em dar-lhe graças. Na hora de comungar, eram seus olhos duas fontes de copioso pranto, e tais delíquios padecia, que muitas vezes chegava a cair por terra desfalecido, podendo bem dizer com a esposa santa que sentia morrer-se à força do amor.
Oh! Que confusão para nós, que tão pouco amamos a um Deus tão digno de ser por nós amado! Que conceito formamos do preço e do valor de tão divina Majestade, que ainda não chegou a merecer o nosso afeto! Se a ponderação de seus divinos atributos, se a memória dos excessos e finezas do nosso Deus para conosco, se finalmente uma só comunhão recebida com as devidas disposições seria bastante para inflamar-nos no amor de Deus, donde nasce que recolhendo tantas vezes este divino fogo em nosso peito, ainda nos achamos tão tíbios e frios no seu amor!
Colóquio
Oh! Quanto invejo, meu singularíssimo Protetor, esse vosso amante e abrasado coração, que nunca soube viver senão do amor para com Deus! A quem, senão a vós, que sois Serafim de caridade, devo entregar este meu frio coração, para que lhe comuniqueis uma pequena chama desse fogo, que tanto vos sublimou, e lhe ensineis a amar um Bem infinito! Reconheço, meu santo Padroeiro, que com a minha tibieza e frialdade, sou ingrato ao meu Deus, que por tantos e tão repetidos benefícios me convida e me desperta a amá-lo. Estou confundido na vossa presença, vendo que nada tenho feito para me abrasar em tão amoroso incêndio, antes deixei ir o meu coração após o mundo e seus prazeres, e me tornei cada vez mais insensível para com Deus. Quanto me pesa de vos não ter imitado, amando com todo o meu coração e com toda a minha alma o meu Senhor, que só é digno de ser amado sobre todas as coisas. Acendei, ó meu glorioso Santo, na minha alma esta suave chama, e fazei que eu possa dizer com verdade que o meu coração já não é meu, mas antes, como holocausto vivo, se abrase e se consuma no mais intenso ardor da caridade, para a glória vossa e sempiterno louvor do meu Senhor Jesus Sacramentado. Amém.
A festa de São Luiz
Para excitar cada vez mais os fiéis, e em particular à juventude, a honrar o angélico São Luiz, Bento XIII, Clemente XII e Bento XIV, com decretos da Sagrada Congregação das Indulgências, de 22 de novembro de 1729, 21 de novembro de 1737 e 12 de abril de 1742, concederam indulgência plenária, no dia da festa do Santo, a todos os fiéis que se confessarem, comungarem, visitarem o altar, onde se celebra esta festa, e rezarem pelas intenções do Summo Pontífice.
A festa pode também celebrar-se, com autorização do Exmo. Sr. Bispo, em outro dia qualquer do ano e em toda parte.
Segundo um decreto mais recente da Sagrada Congregação dos Ritos, de 27 de junho de 1897 (n. 3. 918), pode-se nesse dia determinado pelo Exmo. Sr. Bispo, rezar a Missa própria do Santo; fazem exceção: quanto à Missa cantada – os dias em que ocorre uma festa dupla de primeira classe, ou Domingo privilegiado: esses mesmos dias, e outrossim, as festas duplas de segunda classe, os Domingos, férias, vigílias ou oitavas privilegiadas. Não se pode omitir a Missa conventual ou paroquial correspondente ao ofício do dia, quando esta Missa é de obrigação.
Cf. Beringer – Steinen, Die Ablaesse, I, 1921, n. 789, p.373 – 374.
Os seis Domingos de São Luiz
Esta piedosa prática, em honra dos seis anos de vida religiosa de São Luiz, foi introduzida pelo P. Faccanoni, S.J., que publicou, primeiro em 1736, depois em 1740, um livrinho sobre esta devoção, dedicado à juventude de Mantua. Pela edição de 1736, vê-se que, a princípio, se escolhia a Quinta-feira, por ter falecido São Luiz numa Quinta-feira, em 1591; mas a edição de 1740 já traz o título: os seis Domingos, etc. Das cartas anuais da Companhia de Jesus, província de Veneza, 1740-1758, vê-se que os seis Domingos do Santo se celebravam também em outras Igrejas, com grande solenidade e devoção.
Nunca se inculcará bastante esta prática especialmente à juventude, que da Santa Sé recebeu São Luiz como Protetor particular. Conservação da inocência, luzes do Céu sobre a vocação, amor à Virgem Santíssima, progressos nos estudos: tais são os frutos principais de um culto profundamente simpático à nossa juventude.
Indulgência plenária, cada um dos seis Domingos que precedem imediatamente a festa do Santo (21 de junho), ou em seis outros Domingos consecutivos do ano, livremente escolhidos pelos fiéis. – Condições: confissão, comunhão, fazer em honra do Santo algumas piedosas considerações, orações vocais, ou outras obras de piedade cristã. – Clemente XVII, 11 de dezembro de 1739 e 7 de janeiro de 1740.
A comunhão pode fazer no Sábado precedente, segundo formalmente declara o decreto da Sagrada Congregação das Indulgências de 6 de outubro de 1970, mas as outras prescrições devem preencher-se no próprio Domingo.
Cf. Beringer – Steinen, op. Cit., t. I, 1921, n. 790, p. 374.
Como considerações, poderão servir as que acima demos para a Novena.