Salve Maria!
Neste tempo da quaresma é necessário e bom fazermos de tudo para mais nos aproximar de Deus, uma forma é fazer sacrifícios, achei interessante este trecho do livro: formação da donzela:
Fazer sacrifícios
Formação da donzela – padre José Baeteman
“Habituar-se a fazer com freqüência pequenos sacrifícios.
Os grandes sacrifícios, os atos heróicos geralmente custam pouco. Para isso basta uma chama de entusiasmo, uma chicotada dada na natureza; não é isso que é difícil! Mas a série obscura das pequenas renúncias cotidianas que têm aparência de nada e que se erigem a cada instante do dia diante da vontade, que nos mantém incessantemente em alerta, eis o que custa e eis o que é preciso fazer.
O sacrifício (diz o padre Gratry) é antes de tudo “o ato livre de uma vontade amante e corajosa que consente em preferir Deus a tudo”.
Que definição! Que palavras! Como são fortes e cheias de seiva! Gravai-as para vosso maior bem, e que a vossa vontade, animada pelo amor, sustentada pela coragem, vos arranque frequentemente de vós mesma lançando-vos nos braços de Deus, através dos obstáculos e mesmo dos sofrimentos.
Como o nota o padre de Ravignan, “há na existência horas em que, se não formos um herói, nos tornamos menos que um homem”. Porém, quando o hábito de triunfar de si não está formado, pode-se achar na natureza debilitada, numa vontade vacilante, a energia necessária para se elevar de um salto ao heroísmo ou mesmo simplesmente aquilo que sai do ordinário?
Certos instantes da vida às vezes são decisivos, e de um ato pode depender a nossa eternidade.
Sumamente importa, pois, que vos apliques a praticar a imolação, a vos vencer nas pequenas coisas, a fim de fazê-lo desassombrada e nobremente no dia em que Deus vos pedir uma maior prova de amor.
Não passeis um só dia sem oferecer a Deus dois ou três pequenos sacrifícios que sejam. Obrigai-vos a marcar o número deles. Não suspeitais não somente a força e a energia que esse pequeno exercício vos dará com o correr do tempo, mas ainda a alegria que ele vos reserva. Alegria de cumpri-los, alegria de inscrevê-los, alegria, sobretudo de oferecê-los a Deus Nosso Senhor! Daí, menina, daí cada dia alguma coisa ao anjo do sacrifício, pois ele também dá; e o que ele dá é tão bom! Se o soubésseis!…
Um menino de terra de missão ouvira o missionário explicar o que é um sacrifício. Essa idéia germinou-lhe no coração puro e generoso, e, após dois meses, ele chegou a fazer mais de trezentos sacrifícios por semana.
Admirado e querendo armar-lhe uma cilada, o missionário pediu designar-lhe por escrito os sacrifícios que ele fazia de costume. E o menino voltou com uma longa lista cujo resumo era este:
– De manhã, quando toca o Angelus, levanto-me de um salto, como se tivesse uma serpente na cama.
– Quando tenho muita fome e meu estômago fala, eu digo a ele: “Cala-te, meu estômago, espera”. E espero até ter fome demais.
-Quando me dão para comer alguma coisa de que eu gosto muito, eu como pouco.
– Se é alguma coisa de que eu gosto pouco, como muito.
– Quando um camarada me diz: “Eu sou melhor do que tu, mais belo, mais inteligente do que tu”, eu digo a ele: “Tens razão, meu irmão”.
– Se ele me bate, eu não lhe bato, mas me digo: “Seja por Deus Nosso Senhor”.
– Quando passo perto dos homens que contam as novidades, quereria parar para escutar, mas vou-me embora bem depressa.
– Quando passo pela sua cabana, padre, bem quereria entrar para lhe beijar a mão, pois gosto muito do senhor, mas digo: “Cala-te, meu coração”, e não entro.
– Quando estou em sua casa, bem quisera remexer as suas caixas pare ver as belas coisas da Europa, mas não o faço.
– Bem quisera olhar-me no seu espelhinho, mas não o faço.
– Quando o senhor me oferecer açúcar, eu lhe digo: “Obrigado, meu padre, não gosto.” Mas, no fundo, bem que eu quisera tê-lo!… Etc.
Eis aí os sacrifícios que pôde imaginar um cristãozinho das brenhas. A candura com que eles são expostos talvez vos faça sorrir; mas sentireis também que eles vos oferecem um belíssimo exemplo!”
Em Jesus e Maria,
Débora Cristina