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A vocação da donzela – o casamento aos olhos do mundo

a formação da donzela6

  1. Natureza do casamento

1° O casamento aos olhos do mundo.

A maioria das moças pensam no casamento. É muito natural, e é bom falar-lhes dele mui simples e seriamente, para que elas saibam bem, de antemão, a que é que se comprometem.

Madame C. Lavergne escrevia um dia a sua filha: “Espero que estes contos te divirtam, embora mundanos. O Sr. X… escandalizou-se porque, em dez contos, há cinco em que as pessoas se casam. Ele quereria que nunca se falasse disto. O Espírito Santo não é do parecer dele, pois se dignou de nos contar as histórias de Rebeca e de Raquel, de Tobias, de Ester, de Ruth, histórias matrimoniais se as houve!… Mas esse bom senhor quereria que nunca se falasse diante das moças desse mau sacramento”.

Falemos, pois, não “desse mau sacramento”, porém desse grande sacramento. Se sois chamada ao casamento, bom é que tenhais sobre este assunto as graves noções que dele nos dão a razão e a fé.

Um provérbio chinês diz: “O casamento é uma fortaleza sitiada: os que estão fora quereriam entrar”.

Há uma forte ponte de exagero e de ironia nessa definição chinesa. Vós, sobretudo, que vedes o futuro através do prisma dos vossos entusiasmos juvenis, vós não a compreendeis. Como tão pouco compreendeis estas palavras caídas de pena de Taine:

“Os dois se estudam três semanas, brigam três anos, toleram-se trinta anos e… os filhos recomeçam. Começam pelas palavras doces, continuam pelas palavras graves e acabam pelas palavras pesadas!…!

Por que será que a pena mordaz dos críticos se tem comprazido em lançar assim o descrédito sobre esse estado que, à primeira vista, parece tão sublime? Porquanto o casamento é essencialmente a união de duas almas, de dois corações, de duas vidas, união que deve durar até à morte. É que infelizmente, em certa sociedade, as pessoas teimam em não ver nele mais que uma transação, uma maneira honrosa, principalmente para os homens, de por fim a uma vida mais ou menos desavergonhada ou a uma união com o divórcio engatilhado. Por isso, antes de vermos o que é o casamento considerado aos olhos da fé, vejamos-lhe as contrafacções, e o que ele é aos olhos do mundo.

  1. O casamento de interesse. – Há uns que se decidem a fazer do casamento um idílio comercial, uma transação! Não se esposa uma moça, mas o dote! Os dois futuros esposos mal se viram, porém os pais viram o tabelião, e isto basta, ao que parece!

E ousa-se assim tomar como vínculo, como traço de união entre duas vidas, o dinheiro, o interesse, motivo comum de desunião entre os homens! Um coração não se compra, dá-se. Se se vende, não vale grande coisa!

Uma vez mais, em certa sociedade há excessiva tendência a considerar uma moça como um saco de moedas com uma etiqueta e um nome; faz-se a análise da “corbeille” de casamento, apalpa-se o dote e… as pessoas se pronunciam.

Às vezes, o dote é gasto depressa; resta a mulher ao marido e o marido à mulher, sem que nenhum amor venha jamais florescer nesses peitos metálicos. É preciso um dote. Deus sabe à custa de que os esforços, de que privações os pais chegaram a formá-lo. Mas, quando só se vê isso no casamento, as mais das vezes finda-se na separação ou no divórcio, triste epílogo das uniões mal formadas.

Habitualmente, são os pais que preparam, conchavam e decidem esses casamentos de dinheiro; e, quando o negócio está “no saco”, concluído por cima da cabeça interessada, eles dirão a esta: – Vais-te casar com esse senhor; está tudo pronto. – Mas eu não o conheço! – Que importa! Terão tempo de se conhecer quando estiverem casados. – Mas eu não o amo! – Mas ele é rico!… e depois, cale-se! Nós queremos que esse casamento se faça! E se faz!… Dois anos depois, a fortuna está esbanjada e os cônjuges estão em instância de divórcio!… Chegues acumulados na “corbeille” não fazem a união de dois corações. O dinheiro, quando só a ele se vê, é um tirano cruel; não tarda a trazer a discórdia, o ciúme, às vezes até o ódio, entre os dois escravos curvados a seus pés.

  1. O casamento de razão. _ O casamento de razão ou de conveniência é aquele em que, antes de tudo, se tem em mira unir duas famílias, duas fortunas, duas situações. Bem pouco caso se faz dos sentimentos do coração, quase só a “razão” intervém.

É mister que o casamento seja “racional”, sem dúvida, mas a razão é uma faculdade bem fria para que ordinariamente lhe seja lícito intervir sozinha. É preciso que o corpo esteja de acordo com a cabeça, ou que ao menos existe entre os dois esposos uma certa simpatia, que a vida em comum poderá talvez transformar em amor. Mas, se o coração não fala, se protesta, não se deve passar além; não se constrói uma união sobre o egoísmo e o interesse pessoal, e é preciso ser muito virtuoso para edificá-la unicamente sobre o sacrifício.

  1. O casamento de paixão. _ É se casar com o que primeiro aparece, porque agrada, porque o apetite sexual do coração inclina para ele, embora ele seja indigno e talvez mau. É a famosa “paixão fulminante”, que, as mais das vezes também, é uma fulminante cabeçada.

“Casar-se por paixão é embarcar-se para uma longa viagem, no forte da tempestade, com um piloto ébrio e insensato”, diz o Pe. De La Colombiere. Quando um coração é empolgado pela paixão, torna-se surdo e cego! … Por mais que se lhe faça notar a sua loucura, por mais que se lhe dêem conselhos os mais judiciosos, os mais comoventes, ele não quererá ouvir nada. Dispara, está louco! Fazei então ouvir a razão a um louco!

Sob esta impressão primeira, a pessoa empresta ao objeto amado as qualidades mais belas, mais atraentes, mais transcendentes. O amor é uma febre e uma alucinação. Quando chega a um certo paradoxismo, e quando os sentidos também fazem ouvir as suas reclamações ruidosas, a pessoa é capaz de tomar uma decisão irrevogável, à qual tudo deverá ceder, ante a qual os pais demasiado fracos se inclinarão, e que amanhã… arrancará soluços! Será tarde demais!

A paixão é cega, pesada e efêmera.

Cega, não considera no seu objeto senão aquilo que a lisonjeia, ocultando em sombra espessa aquilo que a contraria. Não vê, pois, bastante claro para julgar sãmente, ou só verá certas qualidades físicas que talvez dissimulem muitas deformidades morais.

Surda, impede de ouvir os conselhos da prudência, da razão e da fé. Todos os outros estão de “parti-pris”, só ela tem razão, e tudo o que lhe objetam não tem valor.

Efêmera, exaure-se pela sua própria força e pelos seus excessos. Um nada fá-la nascer, um nada fá-la cair. E, quando desaparece a nuvem de incenso que cercava o ídolo, fica-se despeitado, desesperado, mas é tarde demais. Os liames contraídos sob o império do encanto, estes não cairão; doce grinalda de flores no início, torna-se-ão pesadas cadeias, nas quais o coração desapontado se dilacerá, sem poder conseguir quebrá-las.

Então o desencanto, o enjôo, o ódio, as censuras, as disputas sobrevêm. Parece que era outra a pessoa a quem se amava. E então põe-se na antipatia o mesmo exagero que se pusera na admiração! E a lembrança do ideal dantes entrevisto não basta para fazer suportar a realidade presente. O coração amigo que viera fazer ouvir a voz da razão não pôde ser escutado, a pessoa chocou-se, melindrou-se. A união infeliz consumou-se. Após o que, como todas as outras miragens, esta se eclipsou no momento em que se julgava alcançá-la. O amor é essencialmente nômada. Muitas vezes, já está velho ao cabo de três semanas! (Rouzic).

  1. O casamento expresso. – Este casamento a vapor é rapidamente concluído, no ar, sem que se tenha pensado em cercar-se das precauções comuns que, entretanto, devem intervir nesse negócio capital. – É sobretudo o caso de moças que querem a todo transe sair do seu meio, alforriar-se da tutela da família, que procuram emancipar-se, e, para isso, se lançam sem reflexão, num amor, numa aventura que lhes reserva bem negros pesares.. não se deve precipitar assim uma ação tão grave!… O coração pode ter intuições súbitas, mas é preciso desconfiar das impressões súbitas demais e excessivamente vivas.

É preciso dizê-lo: os maus casamentos não são raros. Às vezes as pessoas se casam com a idéia de que não terão nada a fazer a não ser o seu bel-prazer, e de que poderão libertar-se de tudo o que se afigura um obstáculo à liberdade. Nestas condições, impossível é ficar firme no meio das tentações penosas que se terão de suportar, impossível suportar contrariedades, as dificuldades que pululam. A mulher que assim se lança na vida com semelhante inconsciência, nunca tendo compreendido a grandeza e a dignidade do Sacramento que recebeu, não pode fazer outra coisa senão cortar rente com tudo… Com tudo o que a incomoda e a aborrece. É a consciência fatal de uma união contraída fora do dever e do verdadeiro amor.

Parte  V

A vocação da donzela

O que esperar do seu futuro marido ?

noiva

Por Elenilda Rocha

Um destemido e austero antigo cavaleiro que «entrou em carreira de morte» para o mundo.

Um homem – católico, íntegro – comprometido com a salvação de sua alma, inquieto com o sentido de sua existência.

Que se sinta atraído de modo singular pelo absoluto e pelo eterno.

Que não condicione a sua busca pela santidade e perfeição a mil vicissitudes (trabalho, estudo, lazer, diversão, prazer, conveniência, etc), mas que seja o resultado de uma decisão resoluta e de uma vontade perseverante capaz de impregnar a sua vida temporal com os valores do Evangelho da Vida.

Que tenha coragem para assumir com generosidade as renúncias em busca da Bem-aventurança Eterna.

Que esteja alegremente disposto a fazer todos os sacrifícios necessários para amar corretamente.

Que não tenha receio de percorrer o caminho duro e áspero que conduz à Vida.

Que se interrogue dia e noite sobre a vontade de Deus em cada mínima ação.

Que medite a Palavra de Deus.

Em suma, que não permita entreatos na sua busca pela santidade e perfeição.

Ele poderá ser um homem sem instrução, desde que busque em tudo agradar somente a Deus. Poderá ser um homem letrado também, ele só terá que ter aquela “simplicidade que, através dos bens passageiros e de todas as criaturas, somente a Deus vê e procura” – S. Francisco de Assis.

Afinal, não é preciso ser considerado aos olhos do mundo, ser bem-sucedido, para levar uma vida agradável a Deus; nem ser tido como sábio, para conhecer a vontade dEle. A única coisa necessária é amar a Deus e em tudo cumprir com a sua amorosa vontade. É sob essa condição que alcançamos a perfeição.

Além disso, ele deverá te escolher, te amar sem interesse, perceber-se venturoso por te ter como esposa.

Acreditando nesta realidade: “Na graça de Cristo que renova o seu coração, o homem e a mulher tornam-se capazes de se libertar do pecado e de conhecer a alegria do dom recíproco” (Bento XVI).

Por fim, cuide, em primeiro lugar, da sua própria perfeição e o seu coração será alegria, satisfação e compensação para o seu esposo!

 

 

Namoro Cristão: Como aceitar que se continue solteiro

Extraído do livro “Namoro Cristão em um mundo supersexualizado”Imagem

Transcrição: Blog “A Formação da Moça Católica”

Como aceitar que se continue solteiro

Um fenômeno que nos últimos dez ou vinte anos percebi entre os católicos solteiros é a procura obsessiva por um cônjuge. Pode ser o caso da mulher que teme ficar mais velha, e se o seu Príncipe Encantado tarda em chegar, não poderá ter filhos. Ou do homem que não conseguiu encontrar a mulher perfeita e se sente infeliz. Em ambos os casos, estão obsessionados por encontrar a pessoa adequada. Há quem chegue até a casar-se com alguém absolutamente inapropriado, pensando que semelhante relação é melhor do que nenhuma.

Tudo isso revela uma séria falta de confiança em Deus. Deus tem um plano para cada um, e preparou as coisas para nosso bem, sempre que o amemos. São Paulo diz que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus (Rom 8,28). Acreditamos nisso? Se é assim, basta que digamos a Deus, seja qual for a idade que tenhamos: “Senhor, obrigado por não me ter casado até agora. Sei que isto servirá para o meu bem, por que te amo”.

Na Sagrada Escritura, o Senhor diz-nos repetidamente que está bem junto de nos e que devemos confiar nEle: Bem-aventurado o homem que confia no Senhor e que põe nEle a sua esperança. Assemelha-se à árvore plantada à beira do riacho, que estende as raízes para a corrente; se vier o calor, não temerá e a sua folhagem continuará verdejante; em ano de seca, não se inquietará, pois continuará a dar frutos. (Jer 17, 7-8).

Mateus diz-nos também: Olhai as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem recolhem nos celeiros, e o vosso Pai celeste os alimenta. Não valeis vós muito mais que elas? Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à sua estatura? […] Não vos aflijais nem digais: “Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos?” São os pagãos que se preocupam com todas essas coisas. Bem sabe o vosso Pai celestial que precisais de todas elas (Mt 6, 26-32).

Podemos imaginar Jesus dirigindo-se aos cristãos solteiros com estas palavras: “Não vos preocupeis por não saberdes quando ou com quem ides casar-vos. O vosso Pai celestial sabe que quereis um cônjuge bom e piedoso. Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e também isso vos será dado”.

Talvez esta outra citação seja mais apropriada para os cristãos solteiros que andam preocupados: Espera no Senhor e pratica o bem; habita a terra e apascenta em plena segurança. Põe no Senhor as tuas delícias, e Ele atenderá aos desejos do teu coração. Confia ao Senhor os teus caminhos, espera nEle, e Ele agirá. Tranqüiliza-se no Senhor e põe nEle a tua esperança (Sal 36, 3-5, 7).

Buscai primeiro o reino

Como traduzir em realidades tudo isto? Em primeiro lugar, é necessário buscar o Reino de Deus. Como você o fará? Pois bem, comece pela oração, pela autêntica oração. Essa oração exige um certo tempo. Se você busca verdadeiramente o Reino de Deus, a sua oração deve refletir essa exigência, deve ser olhada como a pérola de grande valor de que nos fala Jesus (cfr. Mt 13, 46-47), porque merece que você a anteponha a tudo o mais.

Como pessoa solteira, a sua situação é única a respeito do emprego do seu tempo. Você tem mais tempo que nunca, até que se aposente. Não o malbarate olhando abatido à sua volta, sentindo-se triste por não ter encontrado a pessoa ideal. É o tempo próprio para adquirir uma profunda vida de oração.

Depois de ter conseguido orar diariamente quinze ou vinte minutos, pense na possibilidade da Missa, também diária. As suas ocupações não o permitem? O problema não é insolúvel: peça ao Senhor que lhe mostre o modo de resolvê-lo. Eu também achava que não tinha tempo. Se já me custava levantar-me cedo para chegar pontualmente ao trabalho, quanto mais se passasse a ir à Missa das sete! Um dia, o Senhor sugeriu-me que o tentasse e visse se a minha saúde, que nunca foi robusta, poderia sobreviver. Não somente sobreviveu, mas melhorou. Comecei a ir à Missa diariamente há vinte e cinco anos, e não morri. Foi uma das maiores alegrias da minha vida. Muitos, muitos dos nossos jovens católicos solteiros, homens e mulheres, começaram a fazer o mesmo, e isso tem sido uma grande fonte de bênçãos para as suas vidas. Portanto, abra um pouquinho o seu coração à possibilidade da Missa diária agora, enquanto está solteiro. Peça ao Senhor que faça você generoso/a neste ponto. Verá a grande surpresa que há de ter.

Ler os escritos dos santos

Uma das coisas que você pode fazer para manter altas as suas motivações religiosas consiste em ler não só a vida, mas os escritos dos santos. Isso é extraordinariamente importante se deseja progredir na vida espiritual. Faça-o agora, enquanto está solteiro, e avivará no seu coração o desejo de uma intensa vida interior. E mais do que obsessionar-se por encontrar um bom cônjuge, centrar-se-á na sua salvação e avançará em direção à sua meta.

Procurar apoio para viver a fé

Tanto como ler escritos dos santos, ajudá-lo-á a manter viva a fé encontrar bons amigos que a compartilhem consigo. Muitos católicos solteiros se sentem sozinhos porque, num mundo paganizado, lutam por viver a sua fé sem apoiar-se em algum grupo. Se você deseja ter um autêntico namoro cristão, deve rodear-se de pessoas que tenham a sua fé, de amigos que lhe permitam participar de uma “família” de católicos, de pessoas com as quais possa ter uma verdadeira vida social cristã.

Nos começos dos anos noventa, criamos dois grupos na região de Washington DC: uma para homens, chamado St. Lawrence Society, e outro para mulheres, chamado St. Catherine Society. Tinham por fim ajudar homens e mulheres a encontrar nesses grupos ajuda mútua para viverem a fé.

A Sociedade de Santa Catarina, chamada assim em honra de Santa Catarina de Alexandria, padroeira das mulheres solteiras, começou em 1992 e, quase desde o princípio, as associadas compreenderam que podiam ser abertamente católicas, sem se preocuparem com o que os outros pensassem. – “Padre, é uma alegria muito grande fazer parte deste grupo. Aqui sinto-me… segura!” Era alegre, cheia de vida, e praticava verdadeiramente a sua fé. Tempos depois, encontrou-se com o antigo namorado para tomarem um café, e este perguntou-lhe se continuava a praticar sua fé.

– “É claro”, replicou ela.

– “Vai à Missa todos os domingos?”

– “Para falar a verdade, vou diariamente”.

– “Sem sexo?”

– “Sem sexo”.

Ele não estava disposto a fazer o mesmo, mas ficou impressionado. Era uma mulher atraente e elegante, de sucesso, bem integrada no mundo, e que vivia ativamente o seu amor a Deus. Mais de 60% daquelas mulheres tinham uma sólida vida de piedade. Todos desejavam ir às suas festas porque eram alegres e entretidas, e se passava muito bem em companhia delas.

A Sociedade de São Lourenço, chamada assim em honra de São Lourenço, o padroeiro dos homens solteiros, é também vibrante. Mais da metade dos seus membros vai à Missa e faz oração diariamente, e quase todos vêm aprofundando nos fundamentos e conseqüências da sua fé. Um membro recente dessa sociedade comentava há pouco, a propósito do grupo: “Nunca vi nada igual em outra cidade. Aqui vocês criaram um ambiente maravilhoso”.

Espero que muitos dos jovens católicos que leia este livro se animem a formar grupos semelhantes nos seus bairros. Ajudá-los-á a fazer bom uso dos seus anos de solteiros, crescendo na fé e polindo as virtudes da convivência. Agradarão a Deus e, ao mesmo tempo, melhorarão a qualidade do seu comportamento na vida social: serão mais simpáticos.

Pe. Thomas Morrow – “Namoro Santo em um mundo supersexualizado” – Ed. Quadrante

Leia a continuação do artigo neste link: Namoro Cristão: Como aceitar que se continue solteiro – 2ª Parte

Recomendamos muitíssimo a leitura deste livro, como você percebeu, este conteúdo foi de grande ajuda para a sua caminhada de fé, principalmente nas questões sobre namoro santo e matrimônio, você pode adquirir este livro clicando neste link: Namoro Cristão em um mundo supersexualizado.

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A moça católica que namora

Por Luciana Lachance

A católica hoje não tem mais a família que a rodeie de cuidados e de reservas, especialmente quando o assunto é a sua castidade e pureza.  Em tempos tão difícieis como os nossos, em que os costumes e as virtudes foram distorcidos e até mesmo abandonados, fica-se apenas a sensação de que certos assuntos não são mais do interesse da Igreja. Falando dos antigos namoros, mesmo as pessoas que se pretendem virtuosas se riem deles, como de velhas regras de colégios dos tempos passados. “É, eram outros tempos… o rapaz não podia ficar sozinho com a moça…”
Não lhes ocorre – ou talvez finjam não recordar – que todo o pudor de “antigamente” não era excentricidade de uma época simplesmente, como se o próprio tempo desse a direção da moral. Ora, era 1910! Era em 1860! Quando, na realidade, o correto seria dizer: Era quando a moral católica era seguida, quando tudo não havia sido revolucionado!
Esta moral católica, rígida e imutável, continua e continuará a mesma até  o fim do mundo. Ela atravessou diferentes épocas, com seus costumes variados, combateu muitas coisas nefastas, e em todos os séculos – até mesmo na Idade Média – houve terríveis transgressões e afrontas; pois do contrário, estaríamos falando de uma época paradisíaca, em que ninguém era condenado ao Inferno por estas questões.
A grande diferença, desde que a civilização cristã triunfou no Ocidente, é que nos nossos dias a moral católica está esquecida: sofreu duros golpes sobretudo a partir da Revolução Francesa, e foi verdadeiramente assaltada de morte no século XX. Tudo o que dizia respeito aos mandamentos de Deus e da Igreja, especialmente quanto aos valores da castidade e da modéstia, foi sendo sistematicamente apagado, e chegamos ao ponto em que ninguém vai à missa ou frequenta os sacramentos, em que cada um resolve apagar algum dos mandamentos no seu catolicismo. Há aqueles que são católicos “praticantes” mas não acreditam que precisam ir à missa aos Domingos. Há os que, na impossibilidade de comungar, nada fazem para mudar de vida, bem como os católicos que evitam ter os filhos que Deus quer porque usam métodos contraceptivos. E há grande número dos que apagam o sexto mandamento: não pecar contra a castidade!
Grande preocupação é, portanto, a moça católica que namora hoje. Dentro desse mundo caótico, ela está à própria sorte, e por isso é de extrema importãncia que se traga à discussão novamente como ela pode preservar a sua pureza dentro da realidade em que nos encontramos. Falemos da moça, por ora, apenas porque como educadoras e mães que naturalmente somos, cabe a nós reeducar as famílias e os hábitos; quanto aos rapazes, igualmente devem guardar a pureza e a castidade, pois Nosso Senhor não os julgará segundo os “imaginários” da sociedade moderna (em que ao homem é “permitido” liberdades), mas segundo os mesmos mandamentos da Lei.
A realidade
Em linhas gerais, sabemos que a realidade anda cruel ao ponto de que boa parte da dita juventude não guarda a castidade; sabemos no entanto que os dados estatísticos mostram que a maioria dos jovens ainda diz ter religião (mesmo quando se referem mais á família do que a si próprios) e que portanto, assinalam que são “católicos”. São os mesmos jovens que são pautas de discussões de preservativos, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência, “primeira vez”. Preciso deixar claro que não é destes jovens “católicos” que estou falando – e reitero isso, embora seja bastante óbvio, porque os católicos praticantes estão envolvidos em muitos erros com relação à castidade e à modéstia, mas acabam achando que quaisquer críticas com relação à conduta acabam recaindo sobre estes católicos de IBGE e estatísticas, e nunca aos católicos que estão no seio da Igreja, participando de grupos, etc. Quando me refiro, portanto, às moças católicas que namoram, estou fazendo referência às que realmente vivem a religião, mas que ainda asim têm muita dificuldade de seguir as recomendações da Igreja, por inúmeras razões.
A principal delas é que infelizmente os padres não falam mais nesses assuntos, nem dirigem exortações à pureza que exigiam de todos a seriedade na prática dabela virtude! Mesmo alguns sacerdotes acham “normais” certas liberdades dos jovens católicos, parando apenas quando se refere ao ato sexual propriamente dito. Eis a única coisa que parece ser exigida para a moça católica: que não deixe a relação chegar a tal ponto! (E mesmo se chegar, não é encarado com a tamanha gravidade que lhe é devida)
A moça católica se pergunta: mas então, o que é o namoro católico? Se já não é mais possível que as famílias tratem do assunto, se todo o mundo se transformou de tal maneira que esta moça é quem tem de cuidar ela mesma do seu futuro, de que maneira ela poderia agir? Primeiramente, uma coisa precisa ser relembrada e seguida: o namoro católico só existe com intenção de casamento, e portanto deve tornar-se brevemente num noivado.  Não tendo mais família que se importe com este fato, terá ela mesma de se lembrar desta condição, e fazer valer a prerrogativa. Dito isso, se a moça católica tem um namorado, mas ainda não tem certeza se ele será  seu futuro marido (ou mesmo se ambos desejam isso), a situação é preocupante. Não existe “conhecer” uma pessoa do sexo oposto namorando, para depois pensar nos “temas sérios”.  È preciso que a moça católica tenha muita certeza de sua vocação matrimonial, encontre um rapaz digno que tenha igual certeza de sua vocação, para que alguma aproximação seja possível.
Uma vez que estamos falando de uma situação muito distante da ideal, teremos de ter muita cautela e nos apoiarmos nos santos para conseguirmos “driblar” as dificuldades do mundo moderno. É certo que o tema mais delicado é o de que espécies de intimidades são permitidas aos namorados – e já nesta pergunta identificamos um erro da premissa. Exceto às intimidades de almas que se unem pela oração e pela devoção, antes do matrimônio nenhuma intimidade é permitida. Contudo, estando comprometido em contrair matrimônio, o noivo ganha os direitos de demonstrar seu afeto, sem ferir a dignidade, e pode seguras as mãos de sua noiva, ou tocar no seu rosto (pois são partes honestas do corpo). Cumprimentar dando beijos no rosto ou nas mãos é também lícito¹.  São Francisco de Sales escreveu:
Nunca é lícito usar dos sentidos para um prazer impuro, de qualquer maneira que seja, a não ser num legítimo matrimônio, cuja santidade possa por justa compensação reparar o desaire que a deleitação importa. No próprio casamento há de guardar a honestidade da intenção (…)”²
Com usar dos sentidos o santo deixa muito claro que abraços, corpos próximos e beijos na boca – parte muito íntima – não são permitidos àqueles que ainda não se casaram. Santo Anfonso de Ligório e Padre Pio escrevem coisas indispensáveis sobre o assunto.  Embora seja evidente que os casais de namorados católicos fiquem chocados com a proibição de beijos na boca, é preciso tranquilidade para que eles próprios consigam, a partir do momento em que se preocupam verdadeiramente com a castidade, orar ainda mais para manter a virtude.
Certas verdades parecem evidentes apenas quando somos chamados severamente à atenção, e a moça católica muitas vezes não pára para pensar nas espécies de liberdades que permite com a desculpa de que são “inocentes”. E então ela pode examinar se inocentes foram os beijos apaixonados, os encontros no cinema, as fotos “românticas”, os momentos dedicados exclusivamente a “estarem juntos”. Que ela possa comparar, com honestidade, todos estes momentos com as diretrizes da Igreja acerca da castidade, nos pensamentos e nas ações. Que ela, enfim, seja capaz de perceber quanta transgressão da santa castidade ocorre entre os casais que se permitem estas aproximações imprudentes.
Como estas são verdades esquecidas, tudo o que sobrou do que seja um namoro casto são aquelas caricaturas da moça “certinha” que “espera até o casamento”, mas que está de tal maneira propensa às outras intimidades, que acaba sempre naquelas situações constrangedoras. Há grupos católicos que, inspirados por essas “modas” de defender a virgindade, a exemplo dos anéis de castidade, fazem campanhas como ” Castidade: Deus quer, você consegue!”, como se a castidade pudesse ser unicamente reduzida a não ter “relações” antes do casamento. Por isso a juventude acha que não há nenhum problema em vestir as roupas da moda (há castidade sem modéstia?), ver filmes com aquelas ceninhas imorais, ouvir músicas que falam claramente do que lhes é proibido, e por aí vai. Tudo isso é transgressão da castidade, mas as pessoas atualmente compraram o imaginário de que casta é a protagonista de “Um amor para recordar“.
No Blog “The Catholic young Woman”³, uma moça certa vez levantou a hipótese de guardar o seu primeiro beijo para o futuro marido, no dia de seu casamento. Ela fez questão de apontar que não se achava superior a ninguém fazendo isto, e que era uma escolha bastante pessoal. Ela condenava apenas os beijos apaixonados, e não os que, segundo ela, seriam “castos”. A iniciativa tratava-se, portanto, de mais uma desses coágulos da juventude que sente falta da perfeição cristã, mas lhes falta doutrina. Ela poderia ter simplesmente resolvido a questão usando a doutrina eterna da Igreja Católica, com alguma citação de Santo Afonso ou pelo menos usando a lógica (beijos nunca foram permitidos antigamente, desde Cristo, até digamos, a minha avó). Mas como disse Dr. Plinio Correa de Oliveira em A inocência primeva, hoje em dia ninguém quer ser melhor ou pior do que ninguém, mas apenas igual. E mesmo quando chegam tão próximos à verdade, como chegou esta moça que deu até belas razões para sua decisão, pedem tantas desculpas por medo de serem julgadas como diferentes, que tudo é esvaziado de sentido. Se você souber ler em inglês, vale a pena ver os comentários do post com os testemunhos das pessoas – é interessante ver que mesmo sem muita informação, as pessoas sabem que não é nada impossível ser fiel às virtudes.
Notas
¹ Os beijos e abraços libidinosos são sempre pecados mortais. Se dados em partes desonestas ou menos honestas do corpo, facilmente podem constituir pecado mortal. (…) Ao contrário, beijos e abraços, aperto de mão, que se dão segundo os costumes civis da cortesia, amizade, benevolência, são lícitos.
Compêndio de Teologia Moral, Torre Del Greco
² São Francisco de Sales: FILOTÈIA
³ http://amaidenswreath.blogspot.com/2008/08/kiss-is-just-kiss.html
Retirado do blog: As chamas do lar católico
Em Jesus e Maria,
Débora Cristina