Arquivo do mês: julho 2012

Acusações contra a modéstia



Salve Maria!

Uma das maiores acusações que uma moça tem que enfrentar quando decide ser modesta é a de ser puritana. Trata-se de uma acusação grave, pois o puritanismo é uma heresia e é muito temerário fazer essa acusação a toda moça que decide que não usará mais calças. Tendo dito isso, quero aqui falar sobre essa distinção clara entre o puritanismo e a santa modéstia, vejamos:

Puritanismo

Como já dito o puritanismo é uma heresia. Vejamos o que é por sua vez uma heresia:
Heresia (do latim haerĕsis, por sua vez do grego αρεσις, “escolha” ou “opção”) é a doutrina ou linha de pensamento contrária ou diferente de um credo ou sistema de um ou mais credos religiosos que pressuponha(m) um sistema doutrinal organizado ou ortodoxo.

O puritanismo é uma espécie de maniqueísmo. [*]

Em resumo maniqueísmo foi uma heresia que acreditava que existe um “dualismo” no ser humano, que corpo e alma são antagônicos, que a alma está presa em um corpo, então o corpo é algo mau e só o espírito é bom.
Basicamente o que sabemos do “movimento” chamado puritanismo é que é uma espécie de maniqueísmo. O puritanismo que vigorou no século XIX, onde existia um cuidado excessivo em se vestir cobrindo todo o corpo. E faziam isso, não por pudor ou modéstia ou para preservar o valor do corpo, mas por que eles tinham medo do corpo, o corpo era visto como algo mau.

Agora vejamos o que prega a santa modéstia:

O que é modéstia?

“Observando a modéstia, edificamos sumamente os outros e os estimulamos à prática da virtude.” (Santo Afonso de Ligório, Tratado da Castidade.)
Apresentamos, sobre a forma de perguntas e respostas, algumas questões relacionadas à virtude da modéstia:
1 – O que é a modéstia?
A modéstia é uma virtude anexa à temperança, e diz respeito a todas as ações exteriores, e – mais especificamente – a maneira e o recato na hora de se vestir.(1)
2 – O que se entende por “ações exteriores”?
São os gestos, tom de voz, palavras e toda a maneira de nos expressarmos quando conversamos, nossas atitudes em geral, os divertimentos e entretenimentos que escolhemos.(2) A modéstia nas ações exteriores significa ser calmo e comedido, saber portar-se em público, ter reservas em se mostrar demasiadamente. A modéstia, portanto, refreia o desejo imoderado de destacar-se perante os outros.
3 – Então a modéstia também envolve os atos relacionados com os jogos, diversões e recreações em geral?
Sim, neste caso toma a virtude o nome de eutrapélia, ou virtude que preside as diversões e aos recreios, evitando que se peque seja por excesso, seja por defeito.(3)
4 – O que se entende por “maneira e recato na hora de se vestir”?
Entende-se explicitamente a roupa que vestimos e nossas escolhas perante a moda de nossa época. O recato diz respeito àquilo que deve estar coberto: são as partes de nosso corpo que devemos proteger, não deixando à mostra para que sirvam de deleite e ocasião de pecado para o próximo. As mulheres, especialmente, podem chamar uma atenção equivocada ou mesmo imoral para si mesmas – através de um vestuário revelador ou insinuante. A modéstia no vestir pressupõe um respeito ao pudor(4): reconhece o corpo como Templo do Espírito Santo, e por isso deixa-o velado segundo as normas cristãs.
5 – Que prescreve a modéstia no que toca a maneira de vestir?
Segundo Santo Tomás de Aquino, não se deve ter afeição a vestidos ou roupas luxuosas, nem tampouco ostentar um vestuário pobre e desalinhado.(5) Isso diz respeito, sobretudo, a classe social a que pertence a pessoa que escolhe determinado tipo de roupa: cada qual vista-se de acordo com a posição e estado que ocupa.
6 – O que seria um vestuário “decente”?
A decência dos trajes – como observou São Francisco de Sales – “no tocante a matéria e as formas só se pode determinar com relação as circunstâncias do tempo, da época, do estado e das vocações [seja a pessoa casada, solteira, religiosa ou consagrada]”.(6) Isto significa que não há uma forma única para uma igualmente única peça decente no mundo. As roupas, modelos e materiais de que são feitos podem e de fato variam; todas as épocas passaram por transformações no que diz respeito ao vestuário, e ora os vestidos tinham determinado volume e forma, ora tinham outro.
7 – Então uma roupa é considerada decente apenas de acordo com os padrões da moda atual?
Não, pois é fato que os padrões da moda atual podem estar em total desacordo com a moral católica. É preciso escolher, dentro do que a moda contemporânea produz, aquilo que seja mais digno e esteja de pleno acordo com a doutrina moral da Igreja.
8 – O que diz a doutrina moral da Igreja sobre o assunto? Até quanto é permitido mostrar do nosso corpo?
Segundo a moral católica, nosso corpo é dividido em partes honestas, semi-honestas e desonestas. As partes desonestas são as partes íntimas e regiões vizinhas. As semi-honestas ou menos honestas são os seios, braços, flancos. As partes honestas são as mãos, os pés e o rosto.(7) A Igreja – através dos Papas, dos santos e de seus membros mais dignos – tem insistido para que o vestuário cubra tantos as partes desonestas, quanto as semi-honestas do corpo.(8)
9 – Então se uma roupa não cobre as partes desonestas e semi-honestas do corpo, ela é indecente?
Revelar as partes desonestas do corpo – deliberadamente, de maneira total ou parcial – é matéria grave. Quanto às partes semi-honestas, é matéria menos grave. Há uma tolerância para se mostrar os braços, enquanto se considera indecente a mulher revelar os seios.(9) Uma blusa corre menos risco de revelar os seios se tem alguma manga (protege as laterais) e se o decote não é muito baixo. Da mesma forma, uma saia que cubra os joelhos terá menos risco de revelar as partes desonestas da mulher do que uma mais curta (levando em consideração que a mulher se movimenta muitas vezes durante o dia, sentando-se e levantando, de maneira que pode revelar alguma coisa).
10 – A mulher pode usar maquiagem e outros adornos?
É permitido à mulher casada ou com intenção de casamento usar certos adornos, desde que isto seja feito de maneira honesta e moderada. Por isso, entende-se que tanto a maquiagem, quanto os enfeites são permitidos – desde que observe estas recomendações.(10)


Bom, quero concluir este texto deixando uma palavra de consolo às moças que deixaram as calças e aquelas que pretendem deixar: não desista. Você com certeza será atacada ao tomar essa decisão, pois existe uma inimizade entre satanás e a Mulher (sim, com letra maiúscula a Santíssima Virgem), quando o inimigo de Deus vê que você quer imitar Nossa Senhora ele não vai ficar parado de braços cruzados e vai usar de tudo para te impedir de prosseguir neste caminho… É importante ter essa convicção de que é imodesto usar calça e de que o modesto é uma saia abaixo do joelho de acordo com as OS PADRÕES MARIANOS PARA MODÉSTIA E MORALIDADE NO VESTIR, pois se você não tem essa convicção é fácil voltar atrás e quando for atacada irá cair facilmente, sei de casos de moças que largaram as calças, mas quando veio o desânimo e a solidão simplesmente desistiram, é muito triste, mas acho que isso acontece por falta de convicção mesmo, de certeza de que deixamos a calça para imitar Nossa Rainha e que queremos parar de ofender a Nosso Senhor!
Este post sobre as “acusações contra a modéstia” na verdade é um alerta às moças que querem a modéstia, pois muitas vezes somos atacadas e isso pode abalar nossa confiança na importância de ser modesta… Aqui falei apenas da acusação de puritanismo, mas existem tantas acusações, mas sabemos quem é o acusador!
Supliquemos o Auxílio da Mãe de Deus, que Ela venha em nosso socorro e nos ajude a perseverar na modéstia!
***
NOTAS
(1) A Suma Teológica de Santo Tomaz de Aquino em forma de Catecismo.  Autor: Padre Tomaz Pègues, O.P.
(2) A Suma Teológica de Santo Tomaz de Aquino em forma de Catecismo. Autor: Padre Tomaz Pègues, O.P.
(3) A Suma Teológica de Santo Tomaz de Aquino em forma de Catecismo.  Autor: Padre Tomaz Pègues, O.P.
(4) Catecismo da Igreja Católica, Edição Típica Vaticana, 2000.
(5) A Suma Teológica de Santo Tomaz de Aquino em forma de Catecismo. Autor: R. P. Tomaz Pègues, O.P.
(6) Filotéia (ou Introdução à Vida Devota). Autor: São Francisco de Sales.
(7) Compêndio de Teologia Moral. Autor: Padre Teodoro da Torre Del Grecco.
(8) Eis as palavras do Cardeal Basilio Pompili (Cardeal-Vigário do Papa XI), em orientação datada de 24 de setembro de 1928: “… um vestido não pode ser considerado decente se ele tem um corte mais fundo que dois dedos abaixo da cova da garganta, o qual não cobre os braços pelo menos até os cotovelos e chega até um pouco abaixo do joelho. Além disso, vestidos com material transparente são impróprios.”
(9) Esta tolerância foi concedida através do Padre Bernard Kunkel, fundador da Marylike Crusade – Cruzada Mariana em prol da castidade e modéstia por meio de imitação da Santíssima Virgem. Cremos ser esta concessão da mais inteira confiança, visto que o Papa Pio XII deu a benção papal ao apostolado do Pe. Kunkel em duas diferentes ocasiões e seus estatutos foram aprovados pela autoridade eclesiástica vaticana – incluindo esta concessão.
(10) Suma Teológica. Autor: Santo Tomás de Aquino.
[*] O nome maniqueísmo provém do fundador, Mani, natural da Babilônia. Por parte do pai, Patek, pertencia à família real dos Arsácidas, na Pérsia. Mani nasceu a 14 de abril de 216. Julga-se que o pai tenha pertencido a uma seita encralita cujos membros já se chamavam os puros e vestiam roupas brancas. Não há dúvida de que Mani, desde a juventude, tenha sido educado em idéias de busca ansiosa da pureza, pro meio da fuga à matéria, considerada fonte de todo o mal e de toda a impureza. Mas, já muito cedo, Mani se julgou chamado a missão profética. Sua doutrina repousa no conceito de um profetismo divino contínuo. Identifica-se com o Paráclito. Com isso se põe em atmosfera cristã, mas fora do cristianismo ortodoxo. Hauria a doutrina de quatro fontes diferentes: a antiga religião naturista da Babilônia, a religião de Zaratrustra ou parsismo, o Budismo quanto à moral e ascetismo, o cristianismo alimentado mais por apócrifos  do que pelos Evangelhos autênticos. Em resumo, Mani é uma espécie de Maomé antecipado, um Maomé sem êxitos.
Como ponto de partida: o dualismo, duplo princípio eterno, o do bem e do mal. Travou-se a luta entre o homem primitivo que Deus criara bom e Satã, príncipe das trevas. O homem traz em si os traços da queda, e a mulher mais ainda. O dualismo, em nós, é a luta da carne contra o espírito. Para nos salvar, Jesus revestiu um corpo aparente (docetismo). A salvação consiste em libertar as parcelas de luz perdidas nas trevas do corpo. Nem todos chegam igualmente a essa libertação. Os discípulos perfeitos de Mani são os que observam os três selos: selo da boca (abstinência perpétua de vinho, carne, e qualquer palavra impura); selo do ventre (continência absoluta); selo da mão (aversão a qualquer trabalho servil). Os que aplicam esse programa são os eleitos. Os discípulos inferiores são chamados auditores. Quando moço, Agostinho foi um deles, mas nunca superou esse grau.
(…) O maniqueísmo inicial continua visível entre este hereges. Mas, pelo caminho, o maniqueísmo assimilou elementos novos: anticlericalismo, antimilitarismo, anarquia, comunismo. A distinção entre eleitos ou perfeitos e simples crentes ou auditores era básica na organização da seita. Os perfeitos praticavam um ascetismo rigoroso que impressionava muito o povo. Uma senhora da nobreza do languedoc contava que fora ver um desses perfeitos: “Pareceu-lhe, dizia, a mais estranha maravilha. Há muito que estava sentado numa cadeira, imóvel como um tronco de árvore, insensível a tudo o que o rodeava”.  Os perfeitos tinham horror pelo casamento que perpetua a vida terrestre, essa ilusão satânica. Praticavam abstinência absoluta e exortavam os crentes a não se casarem. Condenavam também o juramento e o serviço militar. Os perfeitos consideravam o suicídio como o ideal de santidade. Abriam as veias para morrer no banho ou tomavam veneno. Mas o modo mais espalhado de suicido era o sofrimento, isto é, deixar-se morrer de fome. Para entrar no estado de perfeição, os eleitos recebiam uma espécie de batismo espiritual – pois a água é maldita como toda a matéria – chamado consolamentum. Os simples crentes não tinham outra obrigação senão adorar os eleitos e alimentá-los. Com isso podiam viver como quisessem. Também recebiam o consolamentum, mas só no leito de morte, quando não houvesse nenhuma esperança de melhora. E para evitar qualquer perigo de retorno à saúde, colocavam-nos ou se colocavam no regímen de sofrimento, fazendo greve de fome, para não perderem o fruto da regeneração.
Tal doutrina era tão contrária à religião cristã e á sociedade por ela criada, tão contrária à civilização formada pelo cristianismo, que não é de estranhar a luta ardente que se armou contra ela. A parte católica a combateu com caridade e zelo muito apostólicos. São Bernardo, em muitas ocasiões, pregara contra os Cátaros.  

(página 55, Breve histórico das heresias – Monsenhor Cristiani, prelado da Santa Sé. Livro disponível para download no blog Alexandria Católica-livros católicos para download , clique aqui e baixe )

O que é a modéstia foi retirado do site Maria Santíssima e Modéstia

Em Jesus e Maria, 
Débora Maria Cristina

A moça que se casa

Nossa Senhora