Meios de vencer os obstáculos à devoção ao Sagrado Coração de Jesus
A MORTIFICAÇÃO
Quereis conhecer o meio de vencer os obstáculos que o exame particular nos tiver feito descobrir? Adotai corajosamente a mortificação interior e exterior; ambas são absolutamente necessárias para chegar à perfeição, não podendo uma subsistir sem outra.
A mais necessária, porém, é incontestavelmente a interior, da qual ninguém se pode dispensar. Incessante violência convém fazermo-nos para tomarmos o reino dos céus.
Ninguém há que não possa mortificar seu gênio, desejos e inclinações, e calar em ocasião em que a vivacidade o levaria a responder e a vaidade a falar. Eis principalmente em que consiste esta mortificação interior pela qual debilitamos o amor próprio, e nos libertamos de nossas imperfeições.
Debalde nos lisonjeamos de amar a Jesus Cristo, se não formos mortificados; todas as práticas de devoção, e belos sentimentos de piedade tornam-se suspeitos, sem a perfeita mortificação. Quando a Santo Inácio falavam de alguém como de um Santo, ele respondia: “Será, se for verdadeiramente mortificado”.
Não basta vos mortificardes durante certo tempo, ou em alguma coisa; cumpre fazê-lo sempre e em todas as coisas com prudência e discrição. Uma satisfação desordenada que dais à natureza, torna-a mais altiva, digamos assim, e mais rebelde, do que cem vitórias conseguidas a teriam enfraquecido.
O exercício desta mortificação é conhecido de todos que sinceramente aspiram à perfeição. Em tudo acham eles ocasião de contrariar suas inclinações naturais. Basta tenham grande desejo de ver ou falar para obrigá-los a abaixarem os olhos, ou calarem-se; o prurido de notícias ou de saber o que se passa ou o que se diz, é para eles motivo de habitual mortificação, tanto mais meritórias quanto mais freqüentes, e de que só Deus é testemunha. Uma palavra dita a propósito, um gracejo feito com espírito, pode granjear estima na conversação; mas pode também ser matéria de belo sacrifício. Sendo cem vezes interrompidos em uma ocasião muito séria, cem vezes respondamos com tanta paciência e doçura como se ocupados não estivéssemos.
Os incômodos próprios de lugar, da estação, das pessoas, etc., eis ainda outras ocasiões para nos mortificarmos, que são de grande merecimento; bem se pode dizer que as maiores graças e a mais sublime santidade ordinariamente dependem da generosidade com que nos mortificamos constantemente nestas pequenas ocasiões que sem cessar se nos apresentam.
Não julgueis que aplicando-vos à mortificação levareis vida melancólica e pesada: o jugo de Jesus Cristo é suave e leve. Não se iludiram os Santos quando exclamavam: “Eu superabundo de alegria no meio das tribulações”. Diz São Francisco Xavier: “Estou escrevendo aos jesuítas de Roma, estou em uma terra onde para as comodidades da vida tudo falta; nas tantas consolações interiores sinto aqui que receio perder a vista de tanto chorar de alegria”.
Ânimo! Só o primeiro passo custa. Experimentai.
Dizia um grande servo de Deus: “Se no fim de quinze dias de continuada e perfeita mortificação, não sentirdes as doçuras que a outros inebriaram, consinto que digam que penosa é a vida daqueles que amam verdadeiramente a Jesus Cristo, e pesado é o Seu jugo”.
Prática
Examinai-vos todos os dias sobre o vosso defeito dominante, e sobre uma virtude que procurais adquirir.
Oração jaculatória
Vosso desolado Coração, oh Jesus, me ensine a fugir, a desprezar, a detestar todas as terrenas satisfações.
3 vezes
Divino Coração de Jesus, tende piedade de nós!
Coração Imaculado de Maria, rogai por nós!
O livro pode ser baixado no blog alexandria católica.